sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Consumo, regulação e novas escalas

«Digamos que inventei o primeiro telemóvel. Fui ter consigo, caro leitor, e disse: "Tenho um negócio fantástico para si! Acabo de inventar um telefone que pode trazer no bolso!" Provavelmente responderia: "Uau, um telefone que posso trazer no bolso? A sério? Isso mudaria a minha vida. Vou comprar dez e distribuí-los pelos meus colaboradores."

(...) E estou lançado. Volto ao meu laboratório de inovações e, desta vez, invento uma luz alimentada a energia solar. Volto a procurá-lo, caro leitor, e digo: "Lembra-se daquele telemóvel que lhe vendi? Funcionou bastante bem, não foi? Pois bem, tenho outro negócio. Está a ver aquele candeeiro por cima da sua cabeça? Vou alimentá-lo com electrões gerados pelo sol. Mas trata-se de tecnologia muito recente e não é barata: vai custar-lhe mais cem dólares por mês do que actualmente."

E o que me diria o leitor? Provavelmente diria: "Tom, ah... lembra-se daquele telemóvel que me vendeu? Ora bem, isso mudou a minha vida. Nunca tinha tido nada assim. Mas, caso não tenha reparado, aquele candeeiro por cima da minha cabeça já está a dar luz. Funciona muito bem e, francamente, não me interessa de onde vêm os electrões. Lamento, Tom, mas não estou interessado."

Existe apenas uma forma de mudar esta maneira de pensar. O governo tem de intervir e dizer-lhe a si, caro leitor, que daqui em diante vai ter de pagar o custo total de todo o CO2 e poluição causados pelo seu candeeiro incandescente alimentado a carvão e que, por isso, vai-lhe custar mais 125 dólares por mês acender essa luz.

Então, a minha luz a energia solar por apenas mais 100 dólares por mês vai parecer-lhe uma pechincha e comprar-me-á dez, bem como todos os outros leitores deste livro e, seis meses depois... adivinhe? Estarei de volta com o mesmo sistema de energia solar, por apenas mais 75 dólares por mês. Estarei a avançar na curva de aprendizagem custo/quantidade e, sendo a inovação aquilo que é, acabarei por conseguir reduzir o preço dessa luz alimentada a energia solar até se fixar abaixo do custo da que é alimentada por energia a carvão. Terei criado escala para a minha mais recente inovação.»

Thomas L Friedman, Quente, Plano e Cheio, 2008, Actual Editora

1 comentários:

Anónimo,  10 de setembro de 2009 às 15:10  

Olá aos dois autores deste Blogue sobre Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.

Escreve Miguel Serraninho - membro da equipa AVE.

A AVE estará registada oficialmente até ao final deste ano.

Neste momento encontra-se em processo de organização e formação.

Quero felicitar-vos pelo extraordinário Blogue.

E quero também convidar-vos para fazerem parte da equipa AVE, se assim houver disponiblidade nas vossas vidas.

Miguel Serraninho - membro da equipa AVE

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