Manifesto
Três meses passaram desde o último post aqui publicado. E por respeito aos leitores, a quem desde já peço as minhas sinceras desculpas, devo uma explicação pela interrupção que o Econsciência sofreu.
Não foram razões de ordem pessoal ou profissional, falta de tempo ou recursos, que levaram a esta interrupção. Foi uma razão apenas: a Cimeira de Copenhaga.
Em Dezembro último, o Mundo perdeu a sua grande (e talvez derradeira) oportunidade de sanar grande parte dos estragos causados ao Planeta, de assegurar que a intervenção humana, tão corrosiva e fatal para o ecossistema, abrandasse. As expectativas eram muito elevadas, para tantos de nós. «É agora ou nunca», pensei muitas vezes.
Porque, quer queiramos quer não, a “salvação” do planeta depende, em última instância, dos “grandes”. Refiro-me a duas entidades: Estado e Corporações.
No livro de Thomas L. Friedman, Quente, Plano e Cheio, há uma passagem, da qual nunca mais me esqueço. Refere que o empenho de milhares de cidadãos (que reciclam, que poupam luz e água, etc.) é deitado por terra em poucos instantes, com a energia engolida pelos inúmeros casinos que vão sendo abertos nos Emiratos Árabes Unidos.
E com a Cimeira, a raça humana podia ter mudado o rumo das suas acções e ter feito História. Mas isso não aconteceu. Escolhemos o “nunca”, em vez do “agora". A mesquinhez, a competitividade, o orgulho, a ganância, a cegueira e a surdez pesaram mais na balança.
Pessoalmente, fui vencido pela desilusão. E porque o Econsciência foi criado num impulso de esperança, a sua força vital perdeu-se.
Num dos parágrafos atrás, coloco a palavra salvação entre aspas. Porque, efectivamente, o Planeta não precisa de nós para ser salvo. A ordem do Universo é perfeita e a Natureza tem uma propriedade (da qual, aparentemente, nos esquecemos): a auto-regulação.
E 2010 está a ser um ano marcante, nesse sentido. No Haiti, na China, na Madeira, na Islândia e em tantos outros locais, a Terra está a libertar energia, a uma velocidade e magnitude sem precedentes. Este é o ano-lembrete.
Depois do fracasso de Copenhaga, restam-nos, a meu ver, duas coisas:
- a solidariedade entre os seres humanos, para ajudar a sarar as feridas dos que vão sofrendo os impactos de uma Terra que já iniciou o seu processo de regeneração;
- a nossa consciência individual, para que adormeçamos com paz de espírito e a sensação de que vamos fazendo o que está ao nosso alcance.
4 comentários:
Men-Ho
Folgo em saber que a esperança e a luta venceram a desilusão.
Eu também fiquei desiludida (não muito, porque metade de mim já contava), mas estou convencida que temos de continuar, cada um, a fazer a nossa parte, quer pelas nossas acções, quer passando informação a quem está menos informado.
Olhe que eu não sou especialista em assuntos de ambiente, mas à ignorância nestas questões que vejo à minha volta, sinto a obrigação moral de ajudar a informar.
Temos de ajudar a mudar consciências, só assim poderemos ajudar a mudar comportamentos (para com o ambiente e para com os outros), e a exigir aos poderosos que mudem também.
Um abraço, e bom regresso.
Obrigado, Manuela.
Ola Men-Ho. É muito difícil a constatação da degradação ambiental para os super conscientes do ambiente. É algo que mexe connosco, com a nossa parte psicológica. Por mim falo. No entanto, a luta valerá sempre a pena. E porque quem ama, simplesmente não desiste de lutar. Só existem os momentos de desilusão. Mas esses serão sempre ultrapassados pelas vitórias da nossa luta. Eu tenho 20 anos de idade e o meu grande sonho de vida é criar um movimento/associação de jovens ambientalistas com a missão de reeducação das camadas jovens portuguesas(dos 0 aos 30 anos). Procuro as pessoas certas. Mas tenho tido muita dificuldade em encontrá-las. Provavelmente ainda não as procurei nos locais mais adequados. Ou ainda não procurei o suficiente.
Por agora, vou colocar o link do vosso blogue nos links a consultar no blogue AVE.
Miguel AVE
Obrigado Miguel, pelas palavras e pela referência no blogue AVE.
Bom trabalho e volta sempre!
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