Tudo começou em Setembro de 2010, quando o jornalista britânico Hugh Fearnley-Whittingstall embarcou na traineira Seagull. Quatro meses depois, o canal Channel 4 transmitiu o documentário intitulado Hugh's Fish Fight, onde foi relatada a experiência de Hugh junto de pescadores, ambientalistas, políticos, directores de cadeias de supermercados e consumidores, revelando uma realidade alarmante:
actualmente, cerca de metade dos peixes pescados no Mar do Norte são deitados de novo ao mar, mortos. Tudo devido às directivas da União Europeia.
O sistema de quotas da UE
Destinada a proteger o stock de peixe nas águas europeias, o sistema de quotas (integrado na Política Comum das Pescas da UE) exige que os pescadores só possam trazer para terra uma quantidade específica de cada espécie. No caso de ultrapassarem essa quota, serão multados ou arriscam-se a perder os seus barcos.
O problema é que os pescadores não conseguem controlar as espécies que apanham, vendo-se obrigados a deitar fora aquelas que não estão autorizados a trazer para terra. Muitas toneladas de peixe, já morto, são devolvidas ao mar - os chamados discards, ou despejos.
Porque os despejos não são monitorizados, é difícil saber ao certo a quantidade de peixe descartado. A União Europeia estima que são descartados 40 a 60% do total do pescado, no Mar do Norte - situado entre as costas da Noruega e da Dinamarca ao leste, a costa da Grã-Bretanha ao oeste e a Alemanha, Países Baixos, Bélgica e França ao sul.
Convém pensar não só no impacto ambiental este problema provoca, mas também nas milhares de pessoas que morrem à fome diariamente, noutros pontos do planeta.
A conclusão é simples: o sistema de quotas de pesca, tal como está definido actualmente, não é sustentável.
A campanha
Actualmente, a Política Comum das Pescas está a ser alvo de reformas, que entrarão em vigor em 2012. Cientistas e grupos ambientalistas têm contribuído com várias sugestões, para que a política possa funcionar no sentido da protecção das espécies.
É aqui que surge a Hugh's Fish Fight: uma campanha que tem como objectivo assegurar as alterações necessárias à PCP.
A resposta do público foi impressionante: mais de 700 mil pessoas já assinaram a petição e muitas Organizações Não Governamentais, bem como nomes conhecidos do mundo das Artes e do Espectáculo, associaram-se à campanha.
A Hugh's Fish Fight já surtiu alguns resultados, conseguidos graças à pressão que tem vindo a exercer:
- o governo britânico decidiu financiar um estudo de impacto, face a uma possível lei de proibição de despejos;
- em Julho, a Comissão Europeia publicou as suas propostas para a nova Política Comum das Pescas, onde se encontram recomendações para uma proibição dos despejos.
Mas nada está garantido. Faltam ainda nove meses para que a nova lei seja aprovada e Hugh viajou até Bruxelas para iniciar uma nova fase da campanha: agora, estendendo-se a vários países da União Europeia. A pressão que daqui for gerada, por toda a Europa, pode fazer toda a diferença.
O Econsciência junta-se à Hugh's Fish Fight e pega nas palavras do seu autor:
Juntos, podemos parar esta carnificina ridícula.
Assine a petição e junte-se à campanha em FishFight.net
Fonte: FishFight.net
O nosso agradecimento à Ondina Pires.
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